O prefeito Enivaldo dos Anjos, entregou na noite desta quinta-feira, 31, à comunidade, o Espaço Integrar, uma clínica completa para cuidar das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O evento contou com a presença de dezenas de pais e mães de autistas, vereadores da base aliada, secretários municipais, entre outros.
Visivelmente emocionado, o prefeito falou da importância do espaço para minorar o sofrimento e o isolamento das pessoas com TEA.
“O objetivo é progredir naquilo que muitas pessoas tratam com discriminação, com medo, mas que é apenas falta de atenção, de comunicação e de um acompanhamento para que elas possam ter uma vida tranquila, uma vida assistida por profissionais que, exercendo a atividade deles, conseguem entender e fazer com que essas pessoas, principalmente as crianças possam ter uma convivência tranquila na sociedade”, observou o prefeito.
“Todos nós temos alguma coisa de autismo, um percentual. Eistein (Albert Eisnten, físico alemão), por exemplo, era autista e muitas pessoas que conseguiram fazer história no mundo tinham algum grau de autismo”, comentou Enivaldo.
O prefeito destacou ainda que, o custo do Espaço Integrar é muito alto, demanda cerca de 20 profissionais trabalhando e o município não tem como arcar com este custo sozinho. Ele comentou que a prefeitura já sustenta a Apae e, agora, vai precisar do apoio dos empresários para que o Espaço Integrar se mantenha e atenda os cerca de 200 portadores de TEA que deverão ser atendidos inicialmente.
“Vendo essa camisa (alusiva ao Espaço Integrar, cortesia da Mineração Toledo), quero dizer aqui que os empresários da cidade precisam contribuir para que este espaço se mantenha, uma vez que cuidar das pessoas que necessitam é uma responsabilidade de toda a sociedade”, disse.
“Estar entregando um serviço desse à comunidade é mais importante do que fazer qualquer tipo de outro serviço, e nós temos feito um atendimento muito forte direcionado na área social, fazendo uma obrigação da administração, porque cada cidadão paga seu imposto, para que o município possa aplicar a favor daqueles que precisam para ter uma convivência melhor, um local onde se possa dar, principalmente à criança carente um atendimento que toda criança poderia ter.”
+ Sobre o Espaço Integrar
Com mais de 150 pessoas já cadastradas, o Espaço Integrar, é uma clínica completa para cuidar dos autistas de Barra de São Francisco e funciona na rua Tito Waldemar Vieira, 360.
O secretário municipal de Saúde, Elcimar de Souza Alves e a coordenadora, Jamile Justino, que é pedagoga e especialista em TEA, explicaram que, no primeiro momento, apesar da grande procura até por municípios vizinhos, como Água doce do Norte, Ecoporanga e Mantena (MG), a clínica não terá como atender os autistas de fora.
Jamile informa que a expectativa é de chegar a 200 pessoas atendidas ainda este ano, já que a demanda é grande e muitas mães ainda não conhecem o espaço.
Já o secretário Elcimar informa que pais e mães de autistas que frequentam a Apae não precisam ‘migrar’ para o Espaço Integrar. Ele e Jamile informam que as duas instituições se complementam, mas o Espaço Integrar é voltado apenas para os autistas.
“Teremos aqui uma equipe de profissionais completa, com neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, assistente social e nutricionista, entre outros, para dar suporte aos autistas e vamos buscar não apenas o tratamento convencional, mas também o tratamento alternativo, que os ajude a ser melhor compreendidos, a conseguir viver em sociedade sem preconceitos. Teremos brinquedoteca, sala sensorial, banheiros adaptados para os autistas e um espaço maravilho, amplo”, observa Jamile.
Apoio externo
Jamile conta ainda que o empreendimento de saúde está sendo feito exclusivamente com recursos municipais. “O Enivaldo está fazendo essa obra sem nenhum apoio externo, exceto o do sobrinho dele, o deputado estadual Mazinho dos Anjos, que prometeu se empenhar totalmente para ajudar a trazer recursos e proporcionar o atendimento necessário ao funcionamento da clínica”, finaliza ela.
+ Sobre o TEA
Os transtornos do espectro autista (TEAs) aparecem na infância e tendem a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, eles se manifestam nos primeiros 5 anos de vida. As pessoas afetadas pelos TEAs frequentemente têm condições comórbidas, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O nível intelectual varia muito de um caso para outro, variando de deterioração profunda a casos com altas habilidades cognitivas.
Embora algumas pessoas com TEAs possam viver de forma independente, existem outras com deficiências severas que precisam de atenção e apoio constante ao longo de suas vidas. As intervenções psicossociais baseadas em evidência, tais como terapia comportamental e programas de treinamento para pais, podem reduzir as dificuldades de comunicação e de comportamento social e ter um impacto positivo no bem-estar e na qualidade de vida de pessoas com TEAs e seus cuidadores. As intervenções voltadas para pessoas com TEAs devem ser acompanhadas de atitudes e medidas amplas que garantam que os ambientes físicos e sociais sejam acessíveis, inclusivos e acolhedores.
Sintomas
De acordo com o quadro clínico, os sintomas podem ser divididos em 3 grupos:
– ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
– o paciente é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
– domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite levar a vida próxima do normal.
Tratamento
O autismo é um transtorno crônico mas que conta com esquemas de tratamento que devem ser introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e aplicados por equipe multidisciplinar. Envolve a intervenção de médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos, além da imprescindível orientação aos pais ou cuidadores. É altamente recomendado que uma equipe multidisciplinar avalie e desenvolva um programa de intervenção personalizado, pois nenhuma pessoa com autismo é igual a outra.
Fonte: SECOM/ PMBSF