A asma é uma doença pulmonar alérgica que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge aproximadamente 235 milhões de pessoas no mundo. O problema de saúde provoca falta de ar e não tem cura. As crises, entretanto, podem ser prevenidas.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam que uma dose diária de levedura Saccharomyces cerevisiae UFMG A-905 pode prevenir a asma.
A pesquisa, feita com camundongos, foi publicada na revista Probiotics and Antimicrobial Proteins, em novembro de 2022. O probiótico também pode funcionar no tratamento de doenças de pele, problemas gastrointestinais e neurológicos.
A Saccharomyces cerevisiae UFMG A-905 é usada na produção de cachaça, cerveja e pão. O potencial da levedura para combater sintomas da asma já era conhecido, mas faltavam estudos que definissem uma dose ideal a ser consumida.
No caso, a equipe defende o consumo diário na concentração de 109 de Unidades Formadoras de Colônias por mililitro da solução administrada aos roedores (UFC/ml). A quantidade é igual a cerca de 10 bilhões de bactérias viáveis por mililitro. A título de comparação, o leite fermentado Yakult tem 16 bilhões de probióticos em um frasco de 65 ml.
“É preciso entender que os probióticos funcionam como medicamentos, ou seja, não adianta tomar de vez em quando ou na dose inadequada”, explica o professor Marcos de Oliveira Borges, orientador do estudo.
A pesquisa foi realizada em camundongos machos com a proteína da clara do ovo que induz a asma durante 27 dias. Eles receberam o probiótico Saccharomyces cerevisiae UFMG A-905 diretamente no estômago por meio de aplicações.
Consumo ideal
Os pesquisadores descobriram que o uso da levedura reduziu significativamente a respostas alérgica dos brônquios à clara do ovo, ou seja, o estreitamento exagerado das vias aéreas, que é uma das principais causas da asma.
“Chegamos à conclusão de que a S. cerevisiae UFMG A-905 tem um bom potencial para prevenir a doença, porém, para isso, deve ser ingerida todos os dias, em uma dose alta”, afirma Borges, que é do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP).
O próximo passo da equipe é avaliar os efeitos da S. cerevisiae UFMG A-905 em humanos e comparar os resultados. A ideia é desenvolver produtos alimentícios fermentados com o produto.
Em um mestrado orientado por Borges, foi desenvolvido um pão com efeito preventivo. O produto acaba de ser patenteado e deve ser reportado em breve em revistas científicas.