De todos? Alguns pensarão: “não ao meu alcance, pois ‘tenho’ TDAH”. Repetindo: sim, ao alcance de todos que respiram!
Primeiro, duvide dos benefícios de um “auto diagnóstico” como esse. Quando o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é real e significativo isso acarreta prejuízos que requerem uma equipe multidisciplinar para diagnosticar, abordar e tratar esse problema.
Mas, se sua dúvida ainda persiste, ou seja, se você lida realmente com um TRANSTORNO, as dicas abaixo podem constituir parte dos exercícios reabilitadores de sua autoconfiança, indispensáveis para suas conquistas cognitivas e sociais!
Segundo, se não “temos” tanto TDAH assim… e se o que temos é uma “agitação mental” corriqueira nos dias atuais de nossas cidades urbanas demais, barulhentas demais e aceleradas demais… então podemos também nos beneficiar do incremento de nosso foco.
A dica simples e eficiente é OBSERVAR O ENTREATO de nossa inspiração e expiração. Parece pouco? Treine, treine, treine e depois me conte!!! Acredite: foco também se aprende! Logo, podemos treinar essa capacidade impressionante da consciência humana!
A respiração é a experiência mais evidente de que VIVEMOS; logo podemos percebê-la de imediato; basta nos atentar a ela. Vivos, respiramos. Mas, de tão evidente e basal, após segundos de atenção ao processo respiratório, já nos dispersamos… A percepção do mundo a nossa volta nos leva a focar nos sentidos, no ver, ouvir ou pensar interpretando ou planejando… e lá se foi a consciência da respiração…
A condição social epidêmica de pessoas super atarefadas e super descontentes, incapazes de cumprir uma agenda construída pelo entendimento de devem ser Super Isso e Super Aquilo, gera uma geração ansiosa, educando “pequenos” ansiosos, todos abarrotados de tarefas inacabadas e desejos insatisfeitos.
O padrão respiratório irregular e superficial acompanha todos os estados graves de ansiedade e depressão, mas também nosso dia a dia pulando entre telas e informações infinitas, urgentes e banais.
Vivemos dispersos… mas poderíamos OBSERVAR O ENTREATO de nossa respiração e recuperar – de imediato – o senso da nossa capacidade de foco. Não demoraríamos 30 segundos para nos conectar com o comando de nós mesmos!
Todas as diversas técnicas meditativas (o pranayama da Yoga, as orações ou rezas, as mantralizações, o Sudarshan Kriya, o Mindfulness, o Zazen, Vipassana etc…) são dispositivos úteis para treinar a não-dispersão e o comando da própria consciência de nós mesmos, capacitando-nos para não nos perdermos nas obrigações interativas.
Obviamente é urgente que pudéssemos focar em treinar nestes dispositivos e esperar os resultados. Quaisquer dispositivos que uma pessoa escolha como parte de seu caminho para se auto aperfeiçoar tem potencialidade de desenvolver habilidades naquele indivíduo.
Manter o foco nos procedimentos durante a curva de aprendizagem do método escolhido é, contudo, fundamental. Essa disciplina potencializa todo e qualquer resultado consistente e duradouro.
Mas… disciplina anda em falta… justo nos mais dispersos… a mente vagueia…
Aqui entra a necessidade de nos maravilharmos ao descobrir que todos, sem exceção, temos essa fabulosa capacidade de nos focar!
Precisamos achar, presenciar, reconhecer e cultivar a REAL POSSIBILIDADE de imposição de nosso Eu superior sobre nossa dispersão. A atual dispersividade e superficialismo das pessoas vem, muitas vezes, da falta de contato com sua própria grandeza interior e profundidade de autocontrole naturais!
Contra a descrença generalizada de que podemos ser mais e melhores fazendo “menos” alarde e performando mais comedida e conscientemente há a experiência interior de nosso entreato respiratório. O ser humano é equipado para desenvolver-se automotivado.
Enfatizemos esse “auto”. A motivação interior está muito longe do treinamento de consumidores de imagens de sucesso de que dispomos aos montes. A automotivação profunda nasce de camadas muito íntimas da personalidade humana… e cresce na medida em que crescem nossas experiências positivas conosco – e não com as experiências comparativas entre o que somos e o modelo da moda. A pessoas que “devíamos” ser não nos serve. O corpo que temos e a consciência que somos serve-nos para experimentar o FOCO.
Sempre que precisar de você mesmo: contate a si mesmo. Coloque seu foco sobre sua FABULOSA CAPACIDADE de estar consigo mesmo. Observe-se e aprenda de si para si mesmo. Se preciso feche os olhos das primeiras vezes… depois você fará isso de olhos abertos… a qualquer momento que precisar de si mesmo.
OBSERVAR O ENTREATO de sua respiração é simples. Siga o momento respiratório em que você estiver, agora mesmo. Se for a inspiração… logo virá o ENTREATO… ela vai querer parar… ela vai parar… e reiniciará a expiração. Se for a expiração… logo virá o ENTREATO… ela vai querer parar… ela vai parar… e reiniciará a inspiração.
Entre um e outro ATO respiratório: exerça-se! Pare por uma fração mínima de tempo… e depois passe CONSCIENTEMENTE para uma expiração mais lenta… porque você assim o determinou… depois para uma inspiração mais profunda (barriguinha para fora) … porque você assim o determinou…
Treine muitas vezes impedir o curso de horas e horas… dias e dias… anos e anos de sua vida sem a Consciência de habitamos um corpo dócil, frágil e inteligente. O respeitemos trazendo para ele as boas práticas do sono, dos alimentos, das companhias saudáveis… comece por OBSERVAR O ENTREATO da sua vida corpórea somando a ela sua Presença.
Os resultados são imediatos. As recompensas… são futuras. São para todos. Sem exceção.
Por Prof. Dra. Kathy Marcondes em Folha Vitória